sexta-feira, dezembro 27, 2019


CAULE

Verga-me
o peso dos anos
dos desamores
das lutas perdidas...
verga-me
o silêncio
das palavras necessárias
que não houve
das carícias deixadas
dos abraços
que precisei
e não tive;
verga-me
o amor, que era urgência
e foi esquecimento
e o beijo ansiado
perdido nas esperas...
verga-me
a saudade
do que tive e é ontem
e do futuro que não terei...
tudo verga este caule que caule
que sou
na sede de mim
e de ti
enquanto a vida se esfuma!

Maria Mamede