quarta-feira, setembro 05, 2018

TESTAMENTO
Quando eu partir, filhos meus
que tenho pra vos deixar
a não ser o verbo amar
em desditoso exagero,
o único qu'eu ' inda quero
e sempre quis conjugar?!
Posso dizer-vos que creio
ter nascido com o destino
que a cada, de pequenino
diz do bem e diz do mal
que se terá vida fora
e afirmo, nesta hora
sem peias e sem rodeio
que amar será o meio
de o Bem supremo alcançar.
Quando eu partir filhos meus
não tereis terras, dinheiro
nem matas, nem areais
nem nada de que possais
engrandecer-vos, bem sei
mas deixarei a abundância
duma vida com fragrância
que a Natureza me deu;
vida com bem e com mal
tão simples, tão natural
tão singela com eu;
mas com ela eu procurei
deixar-vos tudo o que sei
fazer-vos ir mais além
incitar vossa vontade
de amar sempre a Verdade
e a Liberdade também!
Quando eu partir, filhos meus
não sereis donos de nada
a não ser da consciência
e nem tereis concorrência
ao querer alma lavada,
pois neste mundo, acredito
vive-se preso no fito
do lucro, do muito ter
por isso, quando eu morrer
tereis apenas em sorte
a certeza de que a morte
é uma porta, a passagem
para a eterna viagem
que à Vida nos conduz;
mas creio poder deixar
bem dentro do vosso peito
o Amor, o mais perfeito
prá vossa vida adoçar!
(do livro "BANALIDADES)     



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