CARTA A UM AMIGO QUE PARTIU
É outono outra vez!
As folhas mortas cobrem o chão
e um vento, agreste
vem falar de despedidas.
Hoje, vieram dizer-me
que tinhas partido...
será que voaste?!
É outono, outra vez!
E ainda há pouco
tu me falavas em primavera...
sei que o sol está mais fraco
e as andorinhas
já deixaram os nossos beirais;
talvez nalguma delas
tu achasses transporte
ou, quem sabe, andes por aí
feito menino
a brincar com a bola de trapos
ou a jogar ao pião
ou ao arco
na margem do rio
este que amamos
e te viu nascer...
é, decerto voaste!...
E eu tinha tanta, tanta coisa
para te dizer!...
Porém, as palavras, agora
deixaram de ser precisas;
o pensamento basta!
E também sei
que mais logo
quando a noite cair
neste nosso ilusório firmamento
há-de brilhar mais uma estrela!...
Maria Mamede
(Ao querido Amigo Fernando Peixoto)
As folhas mortas cobrem o chão
e um vento, agreste
vem falar de despedidas.
Hoje, vieram dizer-me
que tinhas partido...
será que voaste?!
É outono, outra vez!
E ainda há pouco
tu me falavas em primavera...
sei que o sol está mais fraco
e as andorinhas
já deixaram os nossos beirais;
talvez nalguma delas
tu achasses transporte
ou, quem sabe, andes por aí
feito menino
a brincar com a bola de trapos
ou a jogar ao pião
ou ao arco
na margem do rio
este que amamos
e te viu nascer...
é, decerto voaste!...
E eu tinha tanta, tanta coisa
para te dizer!...
Porém, as palavras, agora
deixaram de ser precisas;
o pensamento basta!
E também sei
que mais logo
quando a noite cair
neste nosso ilusório firmamento
há-de brilhar mais uma estrela!...
Maria Mamede
(Ao querido Amigo Fernando Peixoto)
25 Comments:
Não tenho palavras, Maria Mamede.
Saio daqui com os olhos mais brilhantes, rasos de água.
Deixo-te um abraço apertado...
Maria Mamede
nestes momentos não há palavras...
Apenas digo-lhe do fundo do meu coração como seria bom quando eu partisse que algum amigo(a) deixasse assim manifesto algo sobre mim.
Um beijinho c/carinho.
"NA BRUMA QUE DE LEVE SE DESFAZ
TOMARÁS FORMAS VOLÁTÉIS E SUPREMAS!
SERÁS ESTRELA, NUVEM, TANTO FAZ;
ROCHA, MAR, AREIA OU VENTO,
UM PONTO, UM ÁTOMO, UM MOMENTO!
MAS DEIXARÁS INTACTOS TEUS POEMAS"!
ATÉ SEMPRE meu querido Amigo!... Tu sabes bem que continuarás no meio de nós!...
ALBINO SANTOS
Apesar de tristes, adorei estas palavras, adorei este poema!!
Beijinho grande
Obrigado, Mamede, por este poema.
Sei que o Fernando, no sítio onde está, ficou maravilhado com o teu sentir, com a maneira linda como escreves.
Espero logo ouvir-te dizer este poema... é uma forma de homenagear o Fernando Peixoto.
Um abraço,
José Gomes
Querida Amiga
Partiu um grande amigo. Ficámos bastante mais pobres. A sua incondicional disponibilidade e ternura jamais serão esquecidas. Tenho duas obras suas, oferecidas com o carinho e dedicação que lhe eram peculiares. Escrevi-lhe há pouco tempo um email. A resposta chegou hoje embrulhada em lágrimas e dor.
É Outono! A nostalgia cobriu-nos de negro.
Beijinhos
Bem hajas!
É em lágrimas que leio este seu poema. Hoje passei por várias homenagens a este nosso querido amigo e poeta em quase todos os blogues dos que o amavam. Cheguei aqui agora, ainda não refeita da surpresa e cada texto que encontro é uma nova emoção.
Estive no lançamento do seu livro e do Albino Santos "quem sabe, amanhã será primavera!..." e como o Fernando nos fala tão genialmente da Primavera na sua Introdução. Esperava vê-lo naquele dia, saber como estava, soube por vós discretamente que tinha sido hospitalizado, tão pouco tempo passou a partir daí para logo nos deixar. A doença apanhou-o tão depressa e em tão poucos meses, apesar de no princípio me dizer que tinha vencido já tantas batalhas, também venceria mais esta.
Acreditei tanto que sim que a notícia que me chegou hoje de manhã, já em cima da hora das cerimónias fúnebres me deixou profundamente chocada, não que não tivesse pressentido isso por estes dias, mas nunca se acredita. Sinto-me ainda mais dorida por não ter tido oportunidade de lhe levar o meu último adeus, saía de casa a essa hora para um exame médico com a filha, nem tivemos capacidade para absorver notícia tão repentina. Ainda não estou refeita da triste surpresa.
O seu poema é profundamente maravilhoso, ajuda-nos em união a encontrar essa nossa estrela no firmamento das nossas vidas, que tiveram o previlégio de se cruzarem com a do Fernando Peixoto.
Bem haja Maria Mamede.
Gostei tanto de a ler neste sentimento comum de perda, mas ao mesmo tempo de amizade eterna.
Beijinhos
Há momentos na vida em que não há palavras, que sirvam de consolo.
Deixo um abraço de solidariedade.
Fiquei muito comovido com esta homenagem de palavras e de sentimentos, a mais bonita que já li!
Conseguires escrever estas palavras para alguém que partiu - mas que brilha, como dizes, lá em cima - só demonstra que és uma pessoa de alma inteira...
Muitos beijinhos, Maria! Boa semana!!!
agora é sem duvida uma estrela que ilumina do céu todos os palcos...só nisso posso acreditar para me refazer do choque, da perda...
Vera Barbosa
Maria
Estou emocionada com o teu poema.
Não conheci Fernando Peixoto, mas li, num outro blog, que comentei, o seu elogio.
Esta tua "Carta" é das coisas mais bonitas que tenho visto. Causa assim um aperto na garganta...mesmo para quem não o conheceu.
Uma boa semana.
Beijinhos
Mariazita
Belo e comovente poema de homenagem a um amigo perdido. Sinto também.
Um beijo.
Arrepiada, perante esta tua capacidade de fazeres poesia da mais bela em todas as ocasiões, deixo-te um xi-coração. Sentido.
Passei para voltar a lê-la. Decorrida uma semana a saudade cresce, a triste realidade é mais palpável. Hoje passei pelo rio que o Fernando amava, pela Afurada, pelas praias da sua cidade e tentei encontrar um sentido para o que não tem sentido.
Deixo-lhe um beijo.
Branca
Olá querida Maria Mamede, fiquei sem palavras para escrever... Sentida homenagem!
Grata por isso... Beijinhos de carinho,
Fernandinha
Querida Maria Mamede,
Testemunho poético muito comovente.
Não me sobram palavras.
Beijos
Um bom Domingo!!!
Muitos beijinhos!!!
Às vezes o tempor rouba-me o tempo; outras, de alguma forma, acho forma de achar tempo. E, aí, passo por aqui. E sempre saio a ganhar tempo...
abraços!
lindo poema
gostei muito
Olá. Sou eu; o Figas.
Vim aqui, porque enviei mensagem para o e-mail que a Mamede me deu, mas a msg veio devolvida.
Pesquisei e vi este blogue.
Aproveito para solicitar um esclrecimento, enviando-me um e-mail.
Obrigado. Figas de Saint Pierre de Lá-Buraque.
Os Amigos que recebem cartas destas nunca partem. Ficam para sempre na nossa alma.
Parabéns, Maria Mamede, pela forma como escreve , mas especialmente pela forma como sente. Foi bom conhecê-la pessoalmente.
Deixei uma coisa para si na Encosta do Mar.
Um beijo.
Beijinhos. Uma boa semana!!!
Olá querida Maria Mamede, apesar de triste adorei a tua bela homenagem... A um grande Amigo!!!
Beijinhos de carinho,
Fernandinha
Obrigada Maria Mamede...
Os verdadeiros amigos são eternos... A melhor forma de pensar no meu pai é sob a forma de poema...
Beijinhos
Olá querida.
Tomei a liberdade de pegar emprestada sua poesia para seu amigo - com todos os direitos autorais preservados - pq é exatamente assim q me sinto hj com a perda de um amigo meu tão querido, q foi de repente e é outono...
Tomo suas lindas palavras as minhas e obrigada por nos presentear com este poema q cai como um a luva.
palavras estas q eu não as pude conceber.
bjos
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