ODE À CIDADE
Dissolvo-me na cidade e mansamente
Tendo a neblina como manto
Sou granito, sou muralha Fernandina...
Mas sou gaivota e pomba e a menina
A por roupa a secar e aquele canto
De fado que se ouve, mais à frente.
Faço parte das ameias que me abraçam;
Sou a calçada onde passa toda a gente
Sou o rio que desliza até à foz...
E sendo eu, sou qualquer de nós
Que deixou um rasto diferente
Nas ruas, com vida, onde se enlaçam
Os pregões brejeiros do passado...
E sou a praça, a praceta, a avenida
A viela mais escura e mais torta
E sou janela e varanda e sou a porta
Por onde sempre entra e sai a vida
No passar dos dias, lado a lado...
Levanto meu voo matinal!
E o aroma que me chega de oriente
É a Prece, pelas esquinas da cidade...
Deixo meu coração tão sem idade
Na noite que adormece e de repente
Vejo-a toda luz, Universal!...
Maria Mamede
Tendo a neblina como manto
Sou granito, sou muralha Fernandina...
Mas sou gaivota e pomba e a menina
A por roupa a secar e aquele canto
De fado que se ouve, mais à frente.
Faço parte das ameias que me abraçam;
Sou a calçada onde passa toda a gente
Sou o rio que desliza até à foz...
E sendo eu, sou qualquer de nós
Que deixou um rasto diferente
Nas ruas, com vida, onde se enlaçam
Os pregões brejeiros do passado...
E sou a praça, a praceta, a avenida
A viela mais escura e mais torta
E sou janela e varanda e sou a porta
Por onde sempre entra e sai a vida
No passar dos dias, lado a lado...
Levanto meu voo matinal!
E o aroma que me chega de oriente
É a Prece, pelas esquinas da cidade...
Deixo meu coração tão sem idade
Na noite que adormece e de repente
Vejo-a toda luz, Universal!...
Maria Mamede
13 Comments:
Querida Amiga
Um poema maravilhoso! Fantástico! Cheio de referências ao nosso ilustre passado.E até viajei no tempo. Encontrei o fado português.Tão nosso! Um poema que ilustraria na perfeição um colóquio de História sobre a Expansão Portuguesa, a importância da cidade de Lisboa,no século XVI, e não só, do rio,que a ligava ao Oriente,referido no poema, à África, à América, enfim, ao resto do mundo.O nosso passado contado em verso, feito poema, pelas mãos de alguém que respira poesia. Soberbo!
E ler um poema assim escrito é respirar do mais puro oxigénio.
Continue a dar-nos estes pedaços de talento, engenho e arte.
Parabéns, Maria Mamede!
Permita-me que lhe agradeça este belo momento de leitura.
Beijinhos
A tua belíssima Poesia "cantável". É assim que a leio. Como música feita de palavras, elegantes e necessárias.
Um forte abraço.
Querida Amiga!
Há pouco, no comentário não lhe disse que estou melhor pelo que lhe peço desculpa.Espero ler , muito em breve, o seu novo livro:"Lume". Aguardo-o com ansiedade.
Beijinhos
Olá Meninas, boa noite!
Fiquei feliz com a vossa vinda até cá, obrigada.
Fico mais feliz ainda por gostarem do que escrevo.
Muito, muito obrigada e até sempre.
Vou passando no vossos Blogs e deixando marca.
Beijos
Maria Mamede
Eu digo: magnífico! Adorei. Beijos.
Percorrer esta merecida página não é uma imposição, mas, tão-somente, um prazer lúdico, para ver a elegância, qualidade, de braço dado com a noção de estética e bem-fazer. Afinal, tenho a sorte de puder apreciar e visitar este agradável blogue. Óptimo fim-de-semana.
À Paula Rposo e ao Jofre Alves, um abraço de agradecimento pela vossa passagem e comentários.
É bom saber que apreciam o que escrevemos!
Sempre que possível, irei fazendo algumas visitas às vossas "Casas".
Maria Mamede
Maria Mamede, doce Poeta,
deixa-nos um poema que encanta, senti-me dentro dele, senti a doce melodia dos teus versos,
fui por instantes viajante, na cidade que desliza
senti-te e senti o aroma que deu vida à tua poesia
percorri com os meus olhos
os degraus das palavras
amarrada à madrugada
e vi a luz do rio
temperada no belo luar da cidade
queria muito ler o teu livro, mas ainda não o consegui encontrar por aqui
abraço-te ternamente, doce poeta
beijinhos
lena
Poesia feita fado. Ouço-a ao som dos acordes de uma guitarra. E embalada pela música sonho com um Porto Sentido de vielas sinuosas e íngremes que descem até ao Douro cujas águas foram estrada, foram rumo, foram sonho...
Beijinhos
Bem te disse.
Quando menos esperasses aqui estou a bater à porta!
Um, poema que sabe peça a história, pelo Tempo, pelos Lugares...
Foste muito feliz neste teu poema à Cidade.
Agora vou ler o que está para trás...
Prometo visitar-te mais vezes (aqui, claro!!!!).
Um abraço.
JG
Foi uma agradável surpresa o meu encontro com este teu cantinho poético.
Gostei muito!
Que bem que escreves!
Beijos
e de há tantos anos k nos conhecemos e leio tua poesia só posso dizer k melhora (quase parecendo imposível), a cada dia.
Um prazer smp.
Ando com teu último livro na mala. pequenino no tamanho mas grande no conteúdo e smp se lê e relê com renovado prazer.
Até já.
Bjs. Luz e paz em teu camiinhar e ao teu redor.
e de há tantos anos k nos conhecemos e leio tua poesia só posso dizer k melhora (quase parecendo imposível), a cada dia.
Um prazer smp.
Ando com teu último livro na mala. pequenino no tamanho mas grande no conteúdo e smp se lê e relê com renovado prazer.
Até já.
Bjs. Luz e paz em teu camiinhar e ao teu redor.
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