TESTAMENTO
Quando eu patir, filhos meus
Que tenho pra vos deixar
A não ser o verbo amar
Em desditoso exagero
O único qu'eu 'inda quero
E sempre quis conjugar?!
Posso dizer-vos que creio
Ter nascido com o destino
Que a cada, de pequenino
Diz do bem e diz do mal
Que se terá vida fora
E afirmo, nesta hora
Sem peias e sem rodeio
Que amar, será o meio
Do Bem Supremo alcançar.
Quando eu partir, filhos meus
Não tereis terras, dinheiro
Nem matas, nem areais
Nem nada de que possais
Engrandecer-vos, bem sei;
Mas deixarei a abundância
Duma vida com fragrância
Que a Natureza me deu;
Vida com bem e com mal
Tão simples, tão natural
Tão singela como eu;
Mas com ela eu procurei
Deixar-vos tudo o que sei
Fazer-vos ir mais além
Incitar vossa vontade
A amar sempre a Verdade
E a Liberdade também!
Quando eu partir, filhos meus
Não sereis donos de nada
A não ser da consciência;
E nem tereis concorrência
Ao querer alma lavada
Pois neste Mundo, acredito
Vive-se preso no fito
Do lucro, do muito ter
Por isso, quando eu morrer
Tereis apenas em sorte
A certeza de que a morte
É uma porta, a passagem
Para a eterna viagem
Que à Vida nos conduz;
E creio poder deixar
Bem dentro do vosso peito
O Amor, o mais perfeito
Prá vossa vida adoçar!...
Maria Mamede
(in Banalidades)
Que tenho pra vos deixar
A não ser o verbo amar
Em desditoso exagero
O único qu'eu 'inda quero
E sempre quis conjugar?!
Posso dizer-vos que creio
Ter nascido com o destino
Que a cada, de pequenino
Diz do bem e diz do mal
Que se terá vida fora
E afirmo, nesta hora
Sem peias e sem rodeio
Que amar, será o meio
Do Bem Supremo alcançar.
Quando eu partir, filhos meus
Não tereis terras, dinheiro
Nem matas, nem areais
Nem nada de que possais
Engrandecer-vos, bem sei;
Mas deixarei a abundância
Duma vida com fragrância
Que a Natureza me deu;
Vida com bem e com mal
Tão simples, tão natural
Tão singela como eu;
Mas com ela eu procurei
Deixar-vos tudo o que sei
Fazer-vos ir mais além
Incitar vossa vontade
A amar sempre a Verdade
E a Liberdade também!
Quando eu partir, filhos meus
Não sereis donos de nada
A não ser da consciência;
E nem tereis concorrência
Ao querer alma lavada
Pois neste Mundo, acredito
Vive-se preso no fito
Do lucro, do muito ter
Por isso, quando eu morrer
Tereis apenas em sorte
A certeza de que a morte
É uma porta, a passagem
Para a eterna viagem
Que à Vida nos conduz;
E creio poder deixar
Bem dentro do vosso peito
O Amor, o mais perfeito
Prá vossa vida adoçar!...
Maria Mamede
(in Banalidades)