domingo, maio 22, 2011

PORTO (à vol d'oiseau)

(Às vezes, regresso ao deslumbre da cidade, para a cantar...)

PORTO (à vol d'oiseau)


Vê-se um velho casario
à borda d’água, lá longe
e em cascata a cidade
crescendo, sempre a subir
sem parar, sem desistir…
vê-se torres, chaminés
e lá em baixo, a seus pés
o traçado incongrutente
de ruas e de avenidas
de calçadas e vielas
com gente triste e contente
e a cidade a respirar
pela gente que vive nelas…
e as casas a crescer
e tanta coisa a ruir
há muita vida a nascer
e tanta, tanta a partir!
É velha a minha cidade
mas do velho se faz novo
pois não importa a idade
plo amor que tem seu povo…
é triste a minha cidade
mas tem tamanha alegria
que mesmo de pedra escura
e com sua luz coada
é cidade iluminada
que chora e ri, desbragada
impondo a sua figura.
E sempre que alguém se atreve
a insinuar, mofando
ter de pedra o coração
sua gente, gargalhando
seus escritores vai lembrando
seus poetas vai cantando
sua história desfiando
e cala a provocação!



Maria Mamede

sábado, maio 14, 2011

SE TU FICASSES...

..poderia ensinar-te
o cantar das fontes pela manhã
e os sons do vento
e tu, feliz
saberias de cor
os amarelos da alegria
os rosas do amor
os azuis da amizade
os roxos da despedida
e os cinzas da partida...
se ficasses
oferecer-te-ia
palavras de açucena
e beijos de jasmim
num eterno enlevo d'alma
onde o amor seria
perene estado de graça!


Maria Mamede

domingo, maio 01, 2011

HOMENAGEM (a Maria Adelaide, minha Mãe)

Não eras Isabel!
Um outro nome
te puseram teus pais
quando nasceste
mas que importa o nome
se nos deste
essa tua luz
que é dom supremo?
Nem foste raínha
de nenhum país...
no entanto
no manto
de Isabel
e na tua abada
de pão e rosas
perfumada
houve amor
imenso, como o mar
e a vontade férrea
infinita
de acudir à desdita
e dar e dar e dar e dar...

Maria Mamede