domingo, julho 08, 2012


Logo
mais tarde
quando por engano
ou hábito antigo
pegares no telefone
para me falar
lembra-te
da espera
dos silêncios cúmplices
dos desentendimentos
frágeis
das palavras carinhosas
de reconciliação…
recorda-te
dos pequenos presentes
dados a medo
no tempo descoberta
dos passeios no parque
em pleno Outono
da Primavera
com flores no cabelo
dos beijos inesperados /debaixo das buganvílias…

Maria Mamede
(in "A Casa Silente")

domingo, julho 01, 2012



COM GERSHWIN…

Com Gershwin
falo do meu amor por ti!
Desse
que só posso gritar ao mundo
num grito calado
abafado
que ninguém pode escutar
mas visceral e quente
amor diferente
amor final
sem igual
princípio e meio
do meu ilusório anseio
de antanho…
amor escondido
doído
sem tamanho
amor
que perdendo
ganho…
amor que recuso
mas com abuso
me invade a mente
e me tem
e que possui
o que sou
e o que fui…
ao mesmo tempo
outonal e cálido
caminho
que um verão de fogo
não deixou ainda
loucura
amarga e doce
e linda
amor sensual
brutal
de alma desavinda
e de sereno regato
ao luar;
amor inconformado
que se revolta
por se ver calado
e só em versos grita
a desdita
de não poder gritar!...