quinta-feira, dezembro 29, 2005

HUELLAS DE MUJER

Meu rasto deixo
Nas ruas da memória;
Pedras gastas
Nas ruas solitárias
Gregárias
Às noites indormidas...
E pegadas
Nas praias perdidas
Onde o sol se esconde...
Huellas, rastos, pegadas
Vidas actuais, vidas passadas
Com pegadas
Com rastos
Testemunhos silentes
Benfazejos ou nefastos
Do que vivi
Uma e outra vez...
Que rastos deixei?
Quantas pegadas?
Malditas ou abençoadas
"Que huellas hacemos?"
Quanto mal se fez?!
Quero desta vez
Deixar apenas
As pegadas mais doces,
Mais serenas
A apagar da estrada
A insensatez
Dum rasto mau deixado
Sem querer...
Quero deixar nesta vida
Transcendente
A perene e forte
Pegada de vivencia
Um rasto de vida com história
Na memória
De quantos amei;
Não sei
Que bem ou que mal
Tenho pra deixar
Nas vidas, ainda por viver;
Quero no entanto,
Que se saiba
Que fique escrito
Que vivi
E que foi bonito
Por isso deixarei
A quem me amar
Esteja onde estiver,
No ocaso,
Um halo perfumado
No caminho,
"Huellas de Mujer"!...

Maria Mamede

AO DESEJAR UM BOM ANO NOVO...

Ao desejar um Bom Ano Novo, quero agradecer a todos(as) quantos visitaram este Blog, a todos(as) que deixaram comentários, a todos (as) Amigos e Amigas, e ainda a todo o Mundo, esperando que 2006 possa ser de "Boa Safra" em Paz, Força e Luz e se possível, um pouco mais de "cacau" que anda tão desaparecido do bolso dos Portugueses...
Quero agradecer e retribuir os votos que anteriormente me fizeram todos(as) quantos me amam ou consideram e a quem talvez não o tenha feito devidamente.
Mas como o meu melhor agradecimento (penso eu) só poderá ser feito em forma de Poema, vou deixar os meus "Rastos de Mulher", que desejo fiquem a marcar a minha passagem pelas vossas vidas.
Um Beijo Universal da
Maria Mamede

terça-feira, dezembro 20, 2005

CONSOADA

É Natal!
Vêm minhas Sombras visitar-me
Na hora crucial do Nascimento;
Chegam alegres, sem dor
E vêm sossegar-me
Ao dizer que acabou seu sofrimento...
Que cor beleza nos fica na luz
Que aroma indizível a perfumar a sala!
E contam que falaram com Jesus
E mostram uma Paz, que nada iguala!...
Todos os que mais amo
E que partiram
Vêm abraçar-me
Nesta noite fria
E até os Anjos no Presépio
Me sorriram
E as luzes, no pinheiro
Fazem da noite, dia...
Vinde ó meus Amores
Sombras queridas
Vinde, chegai-vos à lareira!
Fiquemos aqui adormecidas
Que bom que estais de novo
À minha beira!...
Sei que ficareis por pouco tempo
Que a estada é curta
Mas que importa?
É sempre de magia este momento
Em que atravessais a nossa porta!...
Se não puder ser antes
Voltai o ano que vem;
Talvez eu ainda esteja aqui ...
Mas, se assim não for
É porque estou bem
Quero dizer, bem melhor,
Porque parti!...


Maria Mamede

segunda-feira, dezembro 19, 2005

RESISTÊNCIA

Resisto
Porque sei que virá
Tal como um dia prometeu;
Quem sabe se já anda por aí!
Resisto
Porque sei que estará
Por perto, entre terra e céu
Num rosto, num sorriso, num olhar
E que trará de novo o verbo amar
Na aura, na palavra e no gesto...
Resisto,
Porque é manifesto
Que sua vinda nos dará futuro
Que seu toque
Será o"além muro"
Dos prados verdejantes da memória
Que terá o presente e a história
Guardada nos baús da consciência
E vales de perdão e a penitência
E derrubes de montanhas de egoísmo;
Resisto
Ao dilúvio e ao sismo
Ao vulcão
E a todo o cataclismo
De descrença,
Às ditaturiais vivências do prazer
Às sodomicas leis do poder
E do dinheiro;
Resisto
E canto
Neste canto primeiro
A alegria de ser gente
Comum,
Gente com rumo;
Resisto
Porque sou fio de prumo
Na resistente estrada marginal
Onde se debatem
O bem e o mal,
Negro e branco da vida na Terra;
Resisto
Na Paz, condeno a guerra
E como Resistente me enlaço
Nas resistentes forças ancestrais
De quantos partiram, mas resistem
E continuam caminhando a meu lado;
Resisto
Em cada ser alado
Que me fala do sol doutras paragens
Que me espera pra outras viagens
No caminho livre dum tempo marcado
Resisto
Porque esse ser amado
Me espera nas ondas virtuais!...

Maria Mamede

sexta-feira, dezembro 16, 2005

DE ONDE VIM...

Não sei onde me perco e que é de mim
Que caminhos cruzei e os que perdi
De quem me afastei, de quem fugi
Que ventos me trouxeram, de que astros vim!
Não sei onde me perco, onde me ganho
De que vagas, de que ondas, de que águas
De que choros, de que sonhos, de que mágoas
Ou que perdidas brumas me tiveram;
Sei que sou apenas maresia
Sabor a sal, espuma e penedia
Recados, de quantos não vieram!...


Maria Mamede

NATAL DE HOJE

Há mais de dois mil anos que o Menino
Nascia, cada inverno, em tempo certo
No plaino de Belém, ermo, deserto
No mesmo curral, nu, pequenino...

E há mais de dois mil anos que morria
Em cada Páscoa, ressurgindo após
E a paz ia pedindo, dia a dia
Seu coração sangrando só por nós.

Mas este ano, triste, desgostoso
O seu sorriso doce, luminoso
Deixou de alumiar, tornou-se frio;

Nasceu apenas pra quem O deseja
Dentro e fora do seu peito-igreja;
E o curral de Belém, ficou vazio!...


Maria Mamede

sexta-feira, dezembro 09, 2005

A LUZ DUM BEIJO

No mais bonito sonho, fantasia
Que a noite se esquece de levar
Embalo minha dor em poesia
E escrevo um soneto, ao acordar...

E no sonho mais belo adormecida
Escrevo-te O Poema, meu amor
E este meu sonho, é quase vida
E a vida, quase sonho, além da dor...

E é magia o teu riso cristalino
Esse riso tão meigo, de menino
Que procura o meu e não esquece

Que a luz do sol é que faz o dia
Mas ele pra nós só principia
Quando a luz dum beijo nos aquece!...


Maria Mamede

terça-feira, dezembro 06, 2005

NÓS PARAMOS O TEMPO...

Nós paramos o tempo
Não há tempo a chegar
Só existe o momento
Para amar, para amar...

Nós paramos o tempo
No amor que se faz
Meu Amor, que momento
Que teu tempo me trás...

Nós paramos o tempo
O momento fugaz
Neste louco momento
Que esta sede nos faz...

Meu amor que tormento
Que o logo me trás!
Meu amor sofrimento
Meu amor tão fugaz...

Nós paramos o tempo
Nós paramos a vida
Vivendo o momento
Quando ela esquecida

De nós se evola...
Nós gastamos o tempo
Na voz, na viola
Só nuvem, momento

Só tempo de amor;
Neste tempo de paz
Foguete de cor
Só tempo fugaz
Sem a dor, sem a dor...

Nós paramos o tempo!
Nós banimos a dor !
E vivendo morremos
De amor, só de amor!...


Maria Mamede

AMIGOS E AMIGAS

São perenes os Amores...
(pelo menos os meus)!
Por vezes mudam de dono, transformam-se, vestem novas roupagens, mas como dizia o Poeta Vinícius de Moraes, são infinitos enquanto duram; e isso, leva-me a escrever sempre O Amor!
Mesmo quando os Temas são outros, bem diversos, O Amor está, pelo menos, implícito ou subjacente...

E, como os meus amores, apesar da mudança de "personagens" têm sempre o mesmo "palco"
e apenas um "actor", de cada vez, para o "Actor actual" escrevi o que se segue....

domingo, dezembro 04, 2005

PALAVRAS

Há palavras sofrimento
No dia a dia do riso
Palavras de esquecimento
No pensamento impreciso...

Há palavras de amargura
Na alegria de viver
E palavras de ventura
Na tristeza de morrer...

Há palavras d'impotência
Nos assaltos do amor
E palavras d'inclemência
Na intolerância da dor...

Há palavras d' indiferença
Pelo sentimento intocadas
E palavras de descrença
Sentidas e mal amadas...

Há palavras só palavras
Só escrita, só bocejo
E indomáveis palavras
Como a raiva ou o desejo...

Há palavras de grandeza
Como Sol ou Universo
E a palavra Natureza
Na singeleza dum verso...

E há palavras roubadas
Há palavras que se dão
Há palavras condenadas
E palavras de perdão...

Há palavras escondidas
Leito de rio submerso
Palavras, vidas contidas
Na singeleza dum verso!...


Maria Mamede

sexta-feira, dezembro 02, 2005

RETRATO DE FAMÍLIA

Altas horas;
Do céu do meu espanto
Desprende-se uma estrela
Que vem iluminar o retrato a sépia
Na cómoda da Avó
E a família ressuscita...
Conversamos, tomamos chá de jasmim
E entre fatias de bolo de maçã
Trocamos novidades...
Fingem não saber da partida de alguns
Porque as lágrimas afloram aos meus olhos;
Falam de banalidades
E riem, com riso manso
De memórias antigas como nós...
Juntos relembramos cheiros e sabores,
Cores e formas de tempos felizes
Com campos férteis a perder de vista
Regatos de água cristalina,
E rãs coaxando na presa da Lavandeira...
Esquecidos do tempo, não vemos
Que a auroara se insinua
E a ultima estrela deixou de brilhar...
De repente
Atiram-me beijos
E voltam ao retrato;
Eu, descubro uma réstia de sono
E envolvo-me nele...
E ao acordar
Faço de conta que sonhei com a família
No retrato a sépia
Na cómoda da Avó!...

Maria Mamede